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A cultura histórica islâmica conheceu os livros de classes muito cedo, tais livros são pertinentes à escrita e autenticidade do hadith,
A cultura histórica islâmica conheceu os livros de classes muito cedo, tais livros são pertinentes à escrita e autenticidade do hadith, algo que levou à observação dos assanid do hadith (as correntes de transmissão dos ditos do profeta (a paz esteja com ele)) e das condições dos narradores, dando origem à idéia das classes.
Os estudiosos do hadith tiveram de procurar estabelecer critérios para aceitar e autenticar o texto dos ditos do Mensageiro (a paz esteja com ele). Tais critérios basearam-se principalmente na moralidade, honestidade e piedade dos narradores, e adicionaram a isso o seu ambiente familiar, a natureza de sua ligação com o Profeta (a paz esteja com ele), o período que passaram com ele e suas relações com seus companheiros mais próximos e com os califas probos (Al khulafaá Al rashidun). Eles também se concentraram na ocorrência de um encontro real ou possível dos narradores e zelaram em saber as datas de nascimento e morte de cada um dos narradores mencionados na corrente de transmissão.
Assim, o isnad foi a causa do surgimento das biografias que incluem informações detalhadas sobre cada um dos narradores. Então foi necessário ordenar estes homens em classes sucessivas e concentrar-se na contemporaneidade, nas relações comuns e na natureza de tais relações em busca de uma sequência dos narradores até a fonte, que é o profeta (a paz esteja com ele). Assim nasceu a idéia de classes, que apresentou os indivíduos do sanad sob diversas classificações[1].
Assim, as classes surgiram em muitos campos, entre eles os livros de classes dos estudiosos do hadith, classes dos memorizadores, classes dos eruditos de fiqh (jurisprudência), classes de Al-Shafia'ia (estudiosos da escola shafi’ia), classes de Al-Hanabila, classes dos recitadores, as classes dos intérpretes do Alcorão, classes dos sufis, classes dos poetas, classes dos estudiosos da gramática árabe e classes dos médicos. Dentre os mais renomados livros de classes al-Tabaqat al-Kobra (As Grandes Classes), escrito por Mohammad ibn Saad al-Zuhri[2]; Tabaqat al-Shua'raa (As Classes dos Poetas), por Ahmad ibn Salam al-Jumahi[3]; Tabaqat al-Atebaa (As Classes dos Médicos) por Ahmad ibn Abi Usaibaa (falecido em 668 dH), entre outros.
3. Livros biográficos
São livros enciclopédicos que apresentam as biografias de pessoas famosas que compartilham a característica de fama em seus campos de especialização, incluindo sábios, homens de letras, os líderes, califas, entre outros. Dentre estes livros Mu’ujam al-Udabaa (Dicionário de Homens de Letras), por Yaqout al-Hamawi (falecido em 626 dH); Usd al- Ghabah Fi Ma’refat al-Sahabah (Leões da Selva na apresentação dos Companheiros (do profeta (a paz esteja com ele))), por Ibn Atheer; Wafiat al-Ayan (Obituário de Dignitários), por Ahmad ibn Muhammad ibn Ibrahim bin Khillikan (falecido em 681 dH), que é um dos livros biográficos mais famosos e um dos melhores em precisão e exatidão; Fawat al-Wafiat (Passagem de Óbitos), por Ibn Shaker al-Kotbi[4]; al-Wafi bil wafiat (O Integral em Óbitos), por Salah Eddin Khalil Al- Safadi[5].
4.Livros sobre as conquistas
Os livros que trataram das conquista dos países e lugares, como por exemplo Fotuh Misr wa Al-Magreb wa Al-Andalus (As Conquistas do Egito, do Oriente e da Andaluzia), por Ibn Abdel-Hakam (falecido em 257 dH); Fotuh al-Buldan (As Conquistas dos Países), por Balazhri[6]; Fotuh Al-Sham (As Conquistas da Assíria), por al-Waqidi[7].
5. Livros genealógicos
Eles trataram da genealogia e origem dos árabes. Os árabes tinham interesse exlusivo nesta ciência, devido ao fanatismo tribal que era inerente ao período pré-islâmico. Dentre os genealogistas mais famosos Muhammad ibn al-Sa'eb al-Kalbi, que escreveu Jamharut al-Nasab (Coleção de Genealogia); Musaab al-Zubairi[8], que escreveu Nassabu Quraish (Genealogia da coraixitas); e Ibn Hazm Al-Andalusi escreveu Jamharat Ansab al-‘arab (Coleção da Genealogia dos Árabes).
6. As histórias locais
São livros históricos que foram dedicados à história de um determinado país com muitos detalhes. Dentren os mais famosos Wulat Misr wa Qudatuha (governantes e juízes do Egito), por Abu Omar al-Kandi[9]; Tareekh Baghdad (História de Bagdá), por al-Khateeb al-Baghdadi; Tareekh Demashq (História de Damasco), por Ali ibn al-Hasan ibn Asakir, que consistia em oitenta volumes; al-Bayan al-Mughreb Fi Akhbar al-Maghreb (O esclarecimento do admirado sobre as notícias do oriente, por Ibn Azhari[10]; Anujoum al -Zahera fi Muluk Misr wal qahira (As estrelas brilhantes sobre os reis do Egito e do Cairo), por Jamal Eddin Yussuf ibn Taghri Bardi al-Atabki[11] (falecido em 874 dH).
7. Livros de histórias em geral
O âmbito de interesse dos historiadores se expandiu, então, ao lado das biografias, surgiram compilações mais amplas e aprofundadas à qual se denomina (histórias gerais), nas quais se escreve a história em ordem cronológica. Nestas obras, o autor narra a história da humanidade desde o início da criação, passando pelas mensagens celestias antes do Islam, período pré-islâmico, a época do Profeta (a paz esteja com ele) e dos califas justos até as histórias islâmicas posteriores. Entre os escritores mais renomados de histórias em geral Muhammad ibn Jarir al-Tabari, que escreveu Tareekh Arusul wal muluk (História dos Mensageiros e dos Reis), mais conhecido como Tareekh al-Tabari (História de Al-Tabari); o livro Muruj al-Zhahab wa ma’den al-Jawhar (gramados de ouro e fontes de jóias, escrito por Al-Mas'udi, que é um livro enciclopédico; Al-Kamel fi al-Tareekh (O Completo em História), conhecido como Tareekh Ibn al-Athir (História de Ibn al-Athir), escrito por Ezz Eddin Ibn al-Athir, que é uma das fontes mais confiáveis da história islâmica; al-Bedaya wal nehaya (O Princípio e o Fim), por Ibn Katheer; Al-ebar wa diwan Mubtada-al wal khabar fi Ayam al-Arab wal ajam wal barbar waman Asarahum Min Zhawi al-Sultan al-Akbar (As lições e registro do sujeito e predicado sobre as notícias dos dias dos árabes, não-árabes e berberes, e os seus contemporâneos mais influentes), mais conhecido como Tareekh Ibn Khaldun (História de Ibn Khaldun), escrito por Abu Zaid Abdul rahman ibn Muhammad ibn Khaldun[12].
Há também outras formas de escrita histórica, alguns historiadores citaram cerca de mil tipos. Al-Zhahabi citou quarenta tipos de escrita, entre elas a biografia do profeta, as histórias dos profetas, a história dos companheiros (discípulos), califas, reis, países, ministros, governantes, fuqahá (eruditos e jurisprudentes islâmicos), leitores (do Alcorão), memorizadores, muhaddithun (estudiosos do Hadith), historiadores, gramáticos, literários, linguístas, poetas, adoradores, pessoas piedosas, sufis, juízes, governadores, professores, exortadores, pessoas notáveis, médicos, filósofos e avarentos[13].
Franz Rosenthal[14] diz. Não há dúvida de que a quantidade de escritos históricos islâmicos é enorme e que os escritos bizantinos estão estreitamente relacionadas com os islâmicos, mas a história islâmica é mais destacada graças à sua grande variedade e à sua gigante quantidade. Na verdade, podemos duvidar que tenham existido escritos históricos em qualquer lugar no início da história que pode ser equivalente aos escritos islâmicos em quantidade. A escrita da história dos muçulmanos pode ser equivalente aos escritos gregos e latinos em número, mas certamente superam os da Europa e Oriente Médio na Idade Média. Sem dúvida, não é possível esconder a sua excelente posição no movimento islâmico literário dos cientistas ocidentais que tiveram contato com os árabes. Porém, estes cientistas se preocuparam em ciências, filosofia e teologia. Assim como seus contemporâneos muçulmanos comuns, eles não se curvaram a ponto de reconhecer qualquer existência de escritos históricos[15].
[1] Veja Muhammad Khair Mahmoud al-Beqa'ai al- Ta'alif fi Tabaqat al-Malikia fi al-Turath al-Arabi (escrita em classes de al-Malikia no patrimônio árabe) ... um estudo explicativo e histórico 258, 259.
[2] Ibn Saad Abu Abdullah Muhammad ibn Saad ibn Mani' Al-Zhuri (168-230 dH-784-845 dC), um historiador de confiança, memorizador de Hadith, nascido em Bassra e falecido em Bagdá. Um de seus mais famosos livros al-Tabaqat al-Kobra. Veja Ibn Hajar Tahzheeb Tahtheeb-al 9 161.
[3] Al-Jumahi Abu Abdullah ibn Muhammad ibn Salam Al-Jumahi (150-232 dH767-846 dC), uma grande figura literária, natural de Bassra, faleceu em Bagdá. Entre seus livros famosos Tabaqat Fohoul al-Shu'ara (Classes de grandes poetas). Veja Yaqout al-Hamawi Mu’jam al-Udabaa (Dicionário de Literários), p 2541.
[4] Ibn Shakir al-Kotbi Salah Eddin Muhammad ibn Shaker al-Demashqi (falecido em 764 dH-1363 dC), historiador e pesquisador, conhecedor de literatura, nasceu e morreu em Damasco. Dentre as suas principais obras Fawat al-Wafiat. Veja Ibn al-Emad Shuzhurat Al-Zhahab (Fragmentos de Ouro) 6203-205.
[5] Al-Safadi Salah Eddin Khalil ibn Aybak ibn Abdullah (696-764 dH1296-1363 dC), Literário e historiador, Nascido em Safad (na Palestina). Ele foi responsável por diuan Al inshá em Safad, Egito e Aleppo e, em seguida, pela Casa do Tesouro em Damasco, onde morreu. Entre suas obras de destaque al-Wafi Bil wafiat (o obituário). Consulte Shuzhurat Al-Zhahab (6200-203).
[6] Al-Balathri Ahmad ibn Yehia ibn Jaber ibn Dawoud (falecido em 279 dH-892 dC), historiador, geógrafo, genealogista e poeta. Natural de Bagdá. A mais famosa de suas obras é Fotouh al-Buldan (Conquista dos países). Veja al-Zhahabi Siar A’lam Al-Nobala (Biografias dos Nobres) 1636.
[7] Al-Waqidi Abu Abdullah Muhammad ibn Omar ibn Waqid al-Sahmi (130-207 dH747-823 dC), um dos mais antigos historiadores no Islam, memorizador de Hadith. Entre os seus livros Al- Maghazi al-Nabawia (As Batalhas Proféticas) Ver Al-Zhahabi Siar A’lam Al-Nobala (Biografias dos Nobres) 4348-350.
[8] Musaab al-Zubairi Abu Abdullah Mussab ibn Abdullah ibn Mussab (156-236 dH773-851 dC), sábio em genealogia e bem versado em história, Um narrador confiável de Hadith e poeta. Dentre os seus livros Nassab Quraish (Genealogia dos coraixitas). Veja Al-Asfhani Shuzhuarat Al-Zhahab 2 86, 87.
[9] Abu Omar al-Kindi Abu Omar Muhammad ibn Yussuf ibn Yaqoub (283-355 dH896-966 dC), historiador, o maior especialista na história do Egito, seus habintantes, suas obras e lugares. Entre seus livros de destaque al-Wulat wal qudat (os governantes e os juízes). Veja al-Zarkali, al-Alam 7 148.
[10] Ibn Azhari Abu Abdullah Muhammad ou Ahmad ibn Muhammad al-Marrakeshi (falecido em 695 dh1295 dC), historiador de origem andaluz, natural de Marrakesh. Veja al-Zarkali al-Alam 7 95.
[11] Ibn Taghri Bardi Abu al-Mahasin Jamal Eddin Yussuf ibn Taghri Bardi (813-874 dH1410-1470 dC), historiador e pesquisador, nasceu e morreu no Cairo. Entre os seus livros al-Nujoum al- Zahera fi Mulouk Misr wal qahera. Veja Ibn al-Emad Shutzhurat Al-Thahab 2 100.
[12] Rahim Kadhem Muhammad al-Hashemi e Awatef Muhammad al-Arabi Al-Hadara Al-arabiya Al-Islamia (A civilização árabe islâmica) página 179-181. E Hekmat Abdul-Karim Furaihat e Ibrahim Yassin al-Khatib Madkhal ila Tareekh al-Hadara Al-arabiya Al-Islamia (Introdução à hitória da civilização árabe islâmica).
[13] Veja Rosenthal Ciência da História entre os muçulmanos p 518-522.
[14] Franz Rosenthal (1914-1975 dC), orientalista americano de origem alemã, lecionou em diversas universidades importantes. Escreveu um livro intitulado “Ciência da História entre os muçulmanos”.
[15] Idem, p 269, 270.
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